Quem nasceu entre 1980 e 1985 ganhou uma nova denominação: millennial geriátrico. A expressão surgiu em um texto publicado no Medium, há cerca de um mês. A autora, Erica Dhawan, que é palestrante e autora do livro Digital Body Language: How to Build Trust and Connection, No Matter the Distance (Linguagem corporal digital: como construir confiança e conexão, independentemente da distância, em tradução livre) justifica que pessoas nascidas nesse período de tempo são confortáveis tanto com a era tecnológica quanto com a era analógica – e que serão fundamentais para quando o mundo retomar a rotina de antes da pandemia. Ela ainda diz que a força de trabalho híbrida depende dos millennials geriátricos.
Tecnicamente, millennials ou geração Y são todas aquelas pessoas que nasceram entre 1980 e 1996. Ou seja, é uma geração que hoje inclui pessoas entre 24 e 41 anos.
Dhawan defende que líderes de grandes empresas nascidos nesse período de tempo conseguiram unir o melhor dos dois mundos ao empreender, como Mark Zuckerberg do Facebook (nascido em 1984), Alexis Ohanian do Reddit (1983) e Brian Chesky do Airbnb (1981).
“Eu me considero uma millennial geriátrica. E deixe-me dizer a você, nós vimos coisas. Somos veteranos resistentes da internet. Sobrevivemos aos rankings de amizade do DailyBooth, Friendster e MySpace e, no entanto, aqui estamos, sentindo-nos incrivelmente competentes com a ideia de criar um TikTok ou uma sala de discussão do Clubhouse”, escreve a autora.
Ela ainda diz no texto que os relatos de adaptações a videoconferências e interações à distância foram mais ricos com equipes formadas por mais jovens, mais velhos e pelos nascidos entre 1980 e 1985, que serviam como uma ponte entre as duas eras, por saber perfeitamente como cada uma delas pensa e encara os fatos.
A colunista do site Entrepreneur, March Violante, escreveu sobre a repercussão do texto nas redes sociais e questionou a adoção do termo para se referir a essa geração. “Naturalmente, não sou a única que se sente ‘agredida’ por tal categorização, pois não tem relação com o estado de saúde ou com condições em que a idade tem mais relevância, como a gravidez.”
Ela ainda lembrou que, formalmente, já existe uma definição utilizada para pessoas nascidas nesse período: Xennials.
A título de curiosidade, as gerações são tecnicamente divididas da seguinte forma:
– 1925-1945: A Geração Silenciosa
– 1946-1964: Baby Boomers
– 1965-1980: Geração X
– 1977-1983: Xennials
– 1981-1996: Millennials (também conhecido como Geração Y)
– 1993-1998: Zennials
– 1997-2012: Geração Z ou Centenários
– 2013-presente: Geração Alpha
Nesta semana, depois de ver a repercussão em programas de TV, além das próprias redes sociais, Dhawan escreveu novamente em seu site sobre a razão de ter cunhado este termo. Ela diz que a velocidade da adoção da tecnologia torna errado chamar uma geração inteira, com uma diferença de quase vinte anos, pelo mesmo nome.
A autora disse, ainda, que o termo surgiu durante as entrevistas que fez para seu livro, que consumiu mais de uma década de pesquisas sobre como incentivar e melhorar a comunicação no ambiente de trabalho.
“Entrevistei trabalhadores norte-americanos em todo o espectro de gerações, desde os Boomers até a Geração Z. As diferenças nas microgerações eram impossíveis de serem ignoraradas. Embora muitos fatores afetem a fluência digital, o indicador mais forte de como você usa e se envolve com a tecnologia (e a ansiedade que vem com ela) é o número de anos que você gastou usando o digital como seu principal meio de comunicação”, escreve.
Entretanto, Dhawan admite que a idade é apenas um dos fatores que devem ser considerados ao analisar o quão adaptado ao digital é o indivíduo, mas que reflete bem o quanto ele já teve de contato com as diferentes evoluções tecnológicas, e que isso faz diferença no dia a dia. “Conheci pessoas de 50 anos com uma fluência digital próxima à dos nativos digitais que se recusam a pegar o telefone ou ler e-mails, preferindo mensagens de texto e Slack.”
Sobre a adoção do termo “geriátrico”, a autora disse que ouviu de muitas pessoas que o termo as representava, pois marca um período de tempo vivido. No entanto, Dhawan comenta se o verdadeiro problema não seria tentar entender a questão: qual é o problema em ser velho? “O fato de ter uma conotação negativa para muitos de nós deve despertar alguma reflexão sobre como vemos os membros mais velhos de nossa sociedade.”
Fonte: Portal Pequenas Empresas & Grandes Negócios